Quem somos

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

OS VISITANTES


Na Casa da Caldeira temos o privilégio de receber, a maior parte das vezes,  pessoas que nos deixam gratas recordações - podem ser pequenos gestos, palavras simpáticas, um sorriso à despedida, que nos indica que gostaram da experiência e que um dia hão-de voltar. Tudo isso nos ajuda a melhorar a forma como recebemos aqueles que nos visitam, contribuindo, também, para minorar o nosso cansaço, levando-nos a sentir quase em férias, quando afinal quem está de férias são eles, os visitantes.

A passagem por aqui de muitas  pessoas, enriquece-nos de sobremaneira, pela oportunidade que temos de contactar  com diferentes personalidades e diversos modos de vida. Geralmente há sempre o interesse comum pela vida no campo, o amor à Natureza e a preocupação pela defesa do meio ambiente.
Mesmo aqueles que inicialmente se mostram menos atentos às questões ambientais, cremos que saem daqui mais despertos para esse tema, mais conscientes da necessidade de proteger a Natureza e de se alimentarem de forma mais saudável. Mas, muitas vezes, é quem chega que nos vem dizer algo de novo, que nos vem mostrar outros caminhos, outras formas de estar e de evoluir.

Num dos últimos fins de semana de Agosto fomos visitados por Pedro Martins e pela sua família. 
Pedro é fotógrafo da Natureza, assíduo colaborador da National Geographic e enquanto aqui esteve, munido do seu sofisticado equipamento fotográfico, não se cansou de caminhar pelas hortas e olivais, em busca de pequeninas coisas que, pela sua pequenez e fragilidade,  na maioria das vezes, escapam aos nossos olhos.
Não resisto a partilhar aqui as belas fotografias que ele captou por estas paragens.

Nota: A Libélula que aparece na imagem, de uma espécie muito rara, foi fotografada na Quinta da Ribaldeira, nossa propriedade. Dá pelo estranho nome de Calopteryx haemorrhoidalis e encontra-se geralmente em zonas onde existe água muito pura. Ficámos bem contentes por saber esta informação.









   


terça-feira, 5 de junho de 2012

Viver a vida... a crise segue dentro de momentos.



É bom viver no campo?
Sim, sobretudo nos dias que correm e se evitarmos ligar a televisão à hora dos noticiários...

Sabe bem acordar com a passarada, brincando ao desafio, por entre a folhagem das árvores, num esvoaçar imparável, ao som de estridentes chilreios.

Que sensação, transpor a porta para o jardim a cada manhã e sentir o ar puro, por vezes cortante, no Inverno. Deixar correr o olhar em volta, aspirar os diferentes aromas que enchem o espaço: a alfazema, a tília, a lúcia- lima…, ou o inconfundível cheiro a terra molhada. Passar os dedos pelos vasos coroados por fofas cabeleiras de alecrim ou de manjericão.
No Verão, é revigorante sair de manhãzinha, por sendas escondidas, ladeadas de arbustos e silvados, carregados de amoras, ou deambular sob as copas de árvores centenárias: carvalhos, sobreiros ou azinheiras, com a folhagem a filtrar a luz do sol, retirando-lhe a intensidade  mais ofuscante.

As tardes de verão convidam à sesta, sob a copa de uma grande árvore, cujos ramos formam regaços onde se aninham gatos felpudos e sonolentos. É emocionante observar as andorinhas, ao fim da tarde, nos seus voos picados, sobre a superfície lisa da água. Ao vê-las, naquele exercício arriscado, ficamos na dúvida se pretendem apenas molhar o bico ou se se tratará de um ritual de iniciação, que as leva a ensaios repetidos, numa persistência que vulgarmente se considera apanágio dos homens.

Todos sabemos da beleza incomparável de um pôr-do-sol no campo, das tonalidades irrepetíveis - faixas difusas, sobrepostas e multicolores, a incendiarem a linha que delimita o azul dos montes. Ou a emoção de assistir ao nascer de uma lua gigante, tela luminosa, onde se projectam as sombras dos pinheiros mansos e das pedras que coroam as colinas em redor.

Podem ser assim, os dias passados na Casa da Caldeira a olhar para o fluir da Natureza, sempre em mutação, com a sua roupagem de volumetrias e tonalidades tão diversas, que apenas aparentemente se repetem.
É sempre diferente este céu. São outras, já não as de há poucos dias, as ervas e pequenas flores que hoje atapetam os caminhos. Nasceram folhas novas no loureiro, desde a última vez que precisei de fazer um tempero  e as romãzeiras encheram-se, de súbito,  de flores vivas como pequenas labaredas.
Enquanto aqui estive sentada debaixo do sicómoro, centenas de minúsculas pétalas cobriram-me o cabelo, a mesa onde me apoio, o chão que piso. De repente, indefesas, tombaram à mercê de uma aragem que eu mal senti.
No campo pode-se sonhar, divagar, a propósito de um pequeno som, um ligeiro sopro,  uma mudança de luz. Mas a vida no campo também é dura, é bom que não o esqueçamos.

Aqui, na Casa da Caldeira,  procuramos proporcionar uma experiência agradável a quem nos visita, acompanhando-os num "mergulho" em plena Natureza, neste espaço rural, onde se procura preservar o meio ambiente e oferecer a oportunidade de viver momentos tranquilos, longe do bulício da cidade.
 Quem estiver interessado, poderá participar em algumas das actividades ligadas ao campo: colheita e preparação de produtos e confecção de pão, bolos ou compotas, desde que proceda a marcação prévia.


Somos produtores de agricultura em modo de produção biológico, desde 1994. Estamos situados no Concelho de Rio Maior, entre esta cidade e Santarém, numa aldeia denominada Correias, pertencente à freguesia de Outeiro da Cortiçada. Além desta exploração, temos ainda outra, a Quinta da Ribaldeira, localizada a cerca de 4 Kms, na freguesia de Abitureiras, no concelho de Santarém. Trata-se de um espaço único, onde além da área cultivada em culturas extensivas, existe um pequeno reduto de mata mediterrânica do período terciário, bem como uma riqueza significativa no que toca à flora e à fauna. Ninguém fica indiferente após um passeio por aquelas veredas de sombra, sob as copas dos velhos carvalhos e loureiros, onde se ouve correr a água quer seja Verão ou Inverno.

Nas nossas propriedades, produzimos hortícolas, frutos frescos, azeitonas, frutos secos (nozes, pinhões e amêndoas) e ervas aromáticas e procedemos à sua transformação, tendo já no mercado uma vasta gama de compotas, feitas de acordo com receitas antigas. Preparamos, ainda, outros produtos, tais como: pickles, massa de pimento e de tomate, amazake, broas doces tradicionais e pão.

Além da actividade agrícola, temos uma pequena unidade de agro-turismo, igualmente denominada Casa da Caldeira, construída nas antigas instalações de uma destilaria de aguardente. Este pequeno hotel, com cinco quartos, sala de refeições, sala de estar e cozinha, dispõe de anexos, incluindo sala de jogos, piscina de água salgada e outros espaços de lazer, onde os clientes podem ocupar o seu tempo. Estamos também disponíveis para nos deslocarmos a Escolas ou para receber Alunos e Professores em visitas de estudo, com o objectivo de divulgar os princípios da Agricultura Biológica.
Ao longo deste ano lectivo, foram várias as Escolas que nos visitaram, sobretudo de Lisboa, com os seus grupos de alunos interessados e curiosos,  perante uma realidade  que a maioria desconhece.

Durante essas visitas, as grandes estrelas têm sido, indubitavelmente, o nosso desajeitado cão, o Cacau  e os nossos gatos - Malhadinhas, Andorinha, Ouriço e Flor - que em ronronares de simpatia se entregam, de bom grado e com muitos trejeitos dengosos, aos mimos dos jovens.



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Nova série de fotografias de Max Rosenheim colhidas na Casa da Caldeira

Neste post, apresentamos novas fotografias captadas por Max Rosenheim, numa das suas visitas a nossa casa.
É um privilégio podermos usufruir da qualidade do seu talento e da sua técnica, para apresentarmos alguns detalhes do espaço que nos rodeia e dos produtos que confeccionamos.
Desta vez, até a gata Malhadinhas teve a honra de figurar nesta galeria de tão belas imagens.

Sugerimos vivamente que conheçam o excelente trabalho de Max Rosenheim, através do seu site:

http://hopelessatfixingtherain.wordpress.com/






















quarta-feira, 14 de março de 2012

Um almoço nunca é de graça

Há amigos que surgem em boa hora e com quem apetece partilhar o almoço.
Foi assim que aconteceu ontem, pelo fim da manhã, com um sol de Primavera antecipada a aquecer-nos a alma.
Enquanto se punha a mesa, à sombra do sicómoro, e se preparava a refeição - simples, mais ou menos improvisada, com o que havia - o Max, com a sua câmara e o seu talento, foi ao fundo do quintal, como quem vai colher uma fruta ou um ramo de flores para alegrar a mesa.

Ofereci o almoço, mas fiquei a ganhar.
Mais uma vez percebi como o olhar dos outros pode ser tão importante.